quinta-feira, 28 de outubro de 2010 | By: Vania Della Torre

Polixena
















Pensando na pesquisa sobre personagem, no desenho dessa mulher, no ar, no frescor da inocência, no fim como um começo, Polixena, eis que surgem algumas imagens...








segunda-feira, 25 de outubro de 2010 | By: Inara Vechina

sentidos



fecho os olhos.estou em uma sala com pessoas que não conheço, com um cara falando outra lingua, com uma mulher que arruma meus ombros.

eu lembro das troianas.

em outra lingua sinto que a dor não está fora, o trágico está latejando, está em mim.


Make a sound! Make a sound!

eu não entendo mas eu grito.no grito eu vejo o azul, os portões de ferro.eu sinto o cheiro de restos. o gosto que me obrigam a engolir ficou marcado na minha garganta.

eu ouço passos mas não posso abrir os olhos.me cegaram para me fazer cantar.

chacoalha, chacoalha.

Olhe para sua dor.Veja todos os detalhes.Onde você está?Quem participa dessa cena?

Tróia está atrás das suas camadas.Volte para lá, Você precisa voltar.

SÁBADO 16.10

Sabadão

Encontro alguns troianos no metro, espero, por outros.

Sol. Alongamento. Aquecimento: pega-pega pelo espaço. A cada passo uma descoberta. Esconde-esconde. O troiano encontrado não poderia ser denunciado. Silencio! Disfarça!

Outro exercício: corredor de gente, um dos companheiros corre de olhos fechados. Não estamos concentrados, não estamos unidos! Um tombo e o grupo passa a se perceber melhor.

Mais um: contar até trinta. Detalhe: cada um fala um numero e quando dois falam ao mesmo tempo, a contagem recomeça. Chegamos ao 18.

Agora, ação: meia-hora para apresentar o espaço para os diretores. Percurso. Muitas idéias.

Começa no portão: atrás das grades de ferro... AAAAAAAAAAHHHHHHH! E todos saem correndo. Do fundo do espaço duas troianas aparecem guiando um carrinho de ferro onde descansa uma vítima. Um guia cego salta de uma janela e dentro da sala aprendizes cegos. O guia leva o público à escada onde uma troiana em panos brancos e suja de carvão lamenta-se com uma cadeira. Mais alguns paços e toda equipe junto, atirando pedras à muralha azul imponente grega.

Almoço. Descobrindo Belém.

Voltamos. Exercícios.

Lais, Andersom e Paola se separam. Lais chora todas as dores do mundo, cai no chão, grita e conta toda sua história em uma língua desconhecida. A tragédia estava lá.

Enquanto isso exploramos cegos, a sala de aula. Exploramos os sons, as texturas. Alguns abrem os olhos mas são orientados a permanecerem cegos. Descubro na biblioteca “Ensaio sobre a cegueira” em Braille. Descubro que ficar cego é insegurança a cada passo. Será que posso? Será que devo. Descubro que ficar cego é estar muito mais atento à todos os detalhes, até aos detalhes da visão.

E para finalizar, mais 20 min para apresentação do espaço. Com a ajuda dos companheiros subo na laje e com os olhos vendados, tateio uma grade. Dessa vez não acompanhei o percurso todo.

17 hrs, fechando o espaço.

Discussão e cervejinha, vamos pensar no programa do experimento.

Em Braille?
domingo, 24 de outubro de 2010 | By: Julia Mendes

(pensando em sábado)

grécia

azul grécia

bandeira

sala fechada

olhos fechados

som de pedras

você tava lá também, juba?

não sei como era esta sala

vamos ler o texto inteiro

isso aqui é a cassandra?

não falamos o que será a andrômaca?

a festa não combina

som de guerra?, mas a guerra já foi

andrea e a parede

vá...ssoura!

abre os olhos e tem outra coisa

não tem ninguém no meu campo de visão

agora a gente vai ter que limpar

acabou a água?

fecharam o registro

bola

zeus e seus brinquedos

muita poeira preta

essa janela não fecha?

não adianta ficar experienciando

tem que confiar

conceito?

isso é outra coisa

pára de andar

o que nos faz troianas lá?

dá pézinho pra colher a amora

campari parece biotônico

vamos ficar mais tempo

achei uma torneira

você tomou banho?

que tal um hino?

eu preciso de uma dramaturgia

não pode varrer a entrada, eles não são bem-vindos

eu olho como elas se movimentam e imagino um figurino

agora eu entendi

elas estão sentadas atrás da lenha

o que você está fazendo aqui ainda?

deita aqui





É impressionante como a gente sai impregnada daquele lugar
terça-feira, 19 de outubro de 2010 | By: Julia Mendes

mais sobre o Nada

segue um texto que talvez sirva de ungüento para nossa Tróia.

Juba

"O Testemunho dos Mortos" - Cecília Meireles

Esta noite lerás os poemas de todos os poetas que já viveram. Tua voz será dócil e bela, oscilando a todos os ritmos como um ramo carregado de flores. E a noite se transformará, quando fores falando, povoando-se de astros maiores, transbordantes de eternidade.
Tua música percorrerá minha tristeza inutilmente. Ficarei, como estou, sem consolação. Nenhuma alheia canção vale aquela que eu não pude cantar. Ela era a mesma que os outros não cantaram. A única. Todas as outras são as tentativas de que nunca se modulou.
E agora esta doce amargura de ficar escutando profundamente. Debruço-me à beira da tua voz. E é como numa praia sem luzes, onde o mar infinito resvala onda por onda nas nossas mãos.
Não vejo cores, não vejo formas, nem movimentos, nem a cadência que os veste. Escuto o sonho, de olhos fechados. Escuto-o com toda a minha vida parada, imóvel sobre a noite, como quem estava morto, e acordou de repente e investiga a quantidade de mundo que existe em redor de si.
Posso dizer-te que estive em todas as partes da Terra, que fui todas as criaturas que viveram, que sei todas as coisas que elas disseram. E a minha solidão é mais terrível, pois, de tanto viver dispersa, estou sem mim.

Do fundo de todos os oceanos mortos vêm até nós esta noite, leves como nuvens, claros como mares, tão leves e claros que o vento os atravessa e o murmúrio das ondas desenha a sua curva sonora sem nenhuma alteração.
Eu também ficarei diante deles sem a mais vaga inquietude. E eles contemplarão minha alma silenciosa, identificada com o seu longínquo viver, pisando facilmente seus caminhos esquivos, e em suas atmosferas florindo sem apreensões.
E eu serei para eles como um companheiro desconhecido, o mais estranho de todos, o que ficou para sempre entre a vida e a morte, pertencendo igualmente a ambas e não possuindo nenhuma.
Todas as visões dormiram em nossos olhos, em abolidos tempos. Correram pelos nossos ouvidos palavras, soluços, cânticos. As experiências estiveram em volta de nós, em compactos bandos. Tudo nos encontrou desencantados. Onde estavam as mãos para receber? Oh! tão longe, tão longe! Como nas lendas de bruxedo, tinham fugido do corpo, andavam revolvendo mistérios, semeando perguntas ardentes, cegando searas fantásticas, providas e tumultuosas como incêndios.
Voltaram muito tarde, e transbordantes. Tinha passado a hora das dádivas simples. Encontramo-nos sozinhos com a sua colheita, deslumbradora, terrificante, de nunca vista.
Mas quando quisemos erguer entre todas as coisas aparecidas, vimos que era maior que o espaço que vai da terra ao céu. Não encontramos nos ares uma passagem para o tamanho da nossa prosperidade.
Tivemos de submergi-la em nós mesmos e assistir ao espetáculo desse naufrágio voluntário. Quando foi que ouviste falar de uma aventura assim?
Depois disto, todas as coisas são mínimas.
Se chamasses um exército que enchesse de frente todo o horizonte, e que viesse todo para ferir só a mim, todas as suas armas em vão procurariam na minha existência um lugar vulnerável à dor. Não se encontra.
Se chamasses os mais hábeis salteadores e lhes dissesses: "Tirai-lhe alguma coisa que não se lhe possa arrancar sem que o seu coração se quebre: que abale a sua vida, e que apresse a morte!" Eles responderiam desanimados: "Nem a perda da própria vida lhe traria transtorno. Sua natureza é inacessível."
Os mortos regressarão surpreendidos aos seus domínios, com mais perguntas desabrochando em seu caminho que as ondas que desabrocham no mar. Terão conhecido um fantasma diferente, e mais temível que os seus em frente aos dias dos vivos.
A lua se gastará pelo céu noite a noite: não espere que de ninguém, de perto ou de longe, deste mundo ou de qualquer outro, possa chegar alguma coisa que repare o sofrimento.
Do alto do tempo acontece cair a lâmina que separa a terra em vida e morte. De um lado e de outro é o mesmo. A passagem, sim, que é diversa e difícil. Todos hão de ficar sabendo, ó destino, que nessa passagem me colocaste, sem mais ninguém. Pois aí persevero em ficar.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010 | By: Vania Della Torre

"o nada"

Hoje todos levaram como proposta da direção objetos, sensações, sons, imagens, tudo que podia trazer a cada uma lembrança do cego, da cegueira.
Depois de olhos fechados e com a sala fechada e escura, entramos um a um e procuramos os objetos trazidos e que estavam espalhados no chão, formamos duplas e com esses objetos criamos cenas, imagens.
No segundo período levantamos o que é pra cada um o vazio, o nada, e esse nada é complicado, esse vazio que nem sempre é ruim, e foi individual, cada um buscou sensações com o que achasse necessário.
E foi guardado com cada um essas sensações, o que é super válido, só você sabe o que pra você é o nada, só você consegue ter a sua sensação.
E entre tudo o que foi feito, tivemos conversas sobre as propostas, um diálogo bem interessante que vai ajudando a trazer mais informações e mais elementos para nossa construção.

Público Deficiente Visual

 
pesquisa acerca  da deficiência, das características de seus portadores e informações relevantes do tema.






(Arquivo no e-mail! Imagens aqui, em breve!)
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